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 Governo holandês decide, unilateralmente, assumir o controle de fabricante chinesa de chips Nexperia

A recente decisão do governo holandês de intervir diretamente na Nexperia, fabricante de chips sediada em Nijmegen, marca mais um capítulo nas tensões tecnológicas entre países ocidentais e empresas da China. A Nexperia, controlada pelo grupo chinês Wingtech, passou a operar sob supervisão estatal por força de leis emergenciais, após constatação de “falhas graves de governança” que, segundo autoridades, ameaçavam a continuidade de tecnologias críticas e a segurança nacional.

O ministro da Economia, Vincent Karremans, ganhou poderes para vetar decisões do conselho da empresa. Paralelamente, uma decisão judicial suspendeu o diretor-presidente chinês, nomeou um administrador independente e bloqueou temporariamente o uso de ativos e propriedade intelectual por um período estimado de um ano.

A medida ocorre em um contexto global de crescente restrição a empresas de tecnologia chinesas. A Wingtech, controladora da Nexperia, já está na lista de entidades sob sanções dos Estados Unidos, fato que limita seu acesso a componentes e mercados estratégicos. Pequim classificou a ação holandesa como “interferência enviesada”, reforçando a narrativa de que países ocidentais usam argumentos de segurança nacional para impor barreiras comerciais e políticas.

A Nexperia tem papel importante na cadeia de suprimentos de semicondutores, produzindo chips utilizados em setores como automotivo e eletrônico de consumo. A empresa foi adquirida da NXP, também de origem holandesa, em 2017. Agora, com a intervenção estatal, é provável que haja impacto significativo na parceria com fornecedores, clientes e no ritmo de inovação.

Essa ação fortalece uma tendência: governos europeus e aliados dos EUA intensificam mecanismos para proteger empresas estratégicas de aquisições e influências estrangeiras consideradas arriscadas. Para a indústria, o episódio Nexperia pode servir como alerta sobre como disputas geopolíticas afetam diretamente negócios e cadeias de produção globais.

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