O IBGE divulgou nesta quarta-feira (31) os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) referentes ao trimestre encerrado em junho de 2025. O destaque não poderia ser mais expressivo: a taxa de desocupação caiu para 5,8%, a mais baixa desde o início da série histórica em 2012.

Esse desempenho marca uma inflexão importante no cenário do mercado de trabalho brasileiro. Em comparação com o trimestre anterior (encerrado em março), a queda foi de 0,3 ponto percentual. Já em relação ao mesmo trimestre de 2024, a redução foi ainda mais significativa: 1,2 ponto percentual.

Mais pessoas trabalhando, informalidade em leve retração

O número absoluto de pessoas ocupadas no país chegou a 100,8 milhões, um crescimento de 1,1% em relação ao trimestre anterior. Isso significa mais 1,1 milhão de pessoas trabalhando no Brasil, o que reforça a tendência de recuperação sustentada da atividade econômica.

A população desocupada totalizou 6,2 milhões de pessoas, representando uma queda de 4,1% frente ao trimestre anterior e uma redução expressiva de 16,1% na comparação anual.

Embora o avanço da ocupação seja um bom sinal, o mercado de trabalho ainda apresenta desafios estruturais, como o nível elevado de informalidade, que hoje representa 39,2% da população ocupada. Houve leve recuo frente ao trimestre anterior (39,4%), mas o número absoluto ainda é alto: cerca de 39,5 milhões de brasileiros trabalham de forma informal.

Subutilização do trabalho ainda preocupa

Apesar do recorde de baixa na taxa de desemprego, a taxa de subutilização da força de trabalho ainda está em 14,4%. Isso significa que cerca de 16,5 milhões de pessoas estão em situação de subocupação (trabalhando menos do que poderiam ou gostariam), desalentadas (desistiram de procurar emprego) ou disponíveis para trabalhar, mas que não estão buscando uma vaga ativamente.

Esse número representa uma redução frente ao mesmo período de 2024, quando a taxa estava em 17,6%. Mas permanece um indicativo de que há capacidade ociosa no mercado de trabalho, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a subutilização ultrapassa os 20%.

Rendimento segue estagnado

O rendimento real habitual da população ocupada ficou em R$ 3.181, sem variação estatisticamente significativa frente ao trimestre anterior. Em comparação ao mesmo período de 2024, houve um crescimento real de 4,8%, impulsionado principalmente pela inflação mais baixa e por ganhos no setor formal.

Vale destacar que a massa de rendimentos (a soma total dos salários) cresceu 1,7% no trimestre, atingindo R$ 314,3 bilhões, refletindo tanto o aumento do número de ocupados quanto a relativa estabilidade dos salários.

Histórico

A taxa de 5,8% representa um marco histórico, mas o número isolado pode dar uma falsa sensação de plenitude no mercado de trabalho. A elevada informalidade, a persistência da subutilização e os salários ainda comprimidos revelam que a recuperação é real, mas ainda desigual.

A economia brasileira mostra sinais de resiliência, mas o desafio agora é transformar a quantidade em qualidade: empregos mais formais, melhor remuneração e maior produtividade.

Fonte: IBGE