O Brasil registrou, em proporção de sua população total, mais mortes por covid-19 em 2020 do que 89,3% dos demais 178 países com dados compilados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Quando a comparação desses registros é ajustada à distribuição populacional por faixa etária e sexo em cada país, o resultado brasileiro se torna ainda pior que os de 94,9% dos mesmos 178 países.

As conclusões fazem parte de nota técnica preliminar publicada no dia 14 de maio de 2021, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de autoria do assessor especializado da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc/Ipea), Marcos Hecksher.

O estudo mostra também que, com base em dados de nível de ocupação compilados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil teve queda deste indicador mais intensa do que as de 84,1% dos demais 63 países analisados, entre os três últimos trimestres de 2019 e de 2020.

Diante dessas análises, a nota técnica aponta que os impactos conhecidos da pandemia de covid-19 em 2020 no Brasil foram fortes, não apenas em comparação às séries históricas do próprio país, mas também no contexto internacional. “Nos períodos analisados, o Brasil e outros países latino-americanos estão entre os mais atingidos do mundo em perdas de vidas e de empregos. Países da Oceania, da Ásia e da Escandinávia figuram entre os menos atingidos nas duas dimensões em 2020”, concluiu o pesquisador.

Por último, contudo, o especialista ressaltou que as comparações internacionais têm limitações e as que estão apresentadas na nota técnica, por suas peculiaridades, requerem cautela adicional. “A pandemia de covid-19 segue em curso e tem atacado diferentes partes do mundo em sucessivas ondas, que crescem e diminuem em momentos distintos conforme a localidade”, considerou.

Em uma amostra de 22 países, o Brasil se destaca negativamente como um dos países que mais perdeu vidas para a Covid-19 e que mais perdeu pessoas empregadas, ambos por milhão de habitantes.

Image
Imagem: LCA Macroeconomia

Fonte: IPEA, Nota Técnica Preliminar de Marcos Hecksher (PDF)